"Se em nenhum canto do mundo havia tanta miséria concentrada como um navio negreiro, da mesma maneira, nenhuma parte da superfície do globo produziu, em proporção com suas dimensões, tanta riqueza quanto a colônia de Saint Domingue. E seria sua própria prosperidade o que levaria a Revolução."
JAMES, C.L.R., "Os Jacobinos Negros"
A Revolução Haitiana (1789-1804) foi um acontecimento sem precedentes e que enormemente o mundo inteiro em sua época. Sem demora, tornou-se um paradigma na História do trabalho e colonialismo, desestabilizando as estruturas da própria máquina colonialista. E não era para menos: Os escravizados da mais rica colônia dos trópicos rebelavam-se contra sua metrópole, causaram a destruição inúmeras propriedades, arrasaram com tropas francesas e estrangeiras, pioneiramente aboliram a escravidão e instituíram a primeira república integralmente negra do mundo.
Apesar de grande proeminência, foi por muito tempo deixada de lado por parte dos estudiosos, tendo inclusive sua importância diminuída e até silenciada. Não obstante, seu peso foi decisivo para a maior parte das movimentações históricas que aconteceram depois dela, e que felizmente vem sendo retomada fortemente a partir das escolas marxistas caribenhas e americanas em geral.
Veremos quais as principais dinâmicas sociais, econômicas e políticas presentes na colônia francesa de Saint Domingue, a “Joia da Coroa Francesa”, que propiciaram tal Revolução e suas principais consequências, bem como alguns conceitos e processos que caracterizam a natureza desses acontecimentos.
Não é uma história simples. Muito pelo contrário, envolve muita controvérsia, violência e pormenores que merecem explicações mais profundas. Afinal, compreender a história de luta da Revolução Haitiana é compreender a própria História do Brasil.
Juliana Zanezi - Caribianista por acidente, professora e pesquisadora de História de propósito, financiada pela FAPESP. Seus estudos voltam-se essencialmente para a produção cafeeira na economia escravista de Saint Domingue, bem como sua proeminência nos ciclos globais setecentistas e sua importância para a Revolução que se avultava. Parte essencialmente de vasto arcabouço de documentos oficiais de cunho notarial provenientes de Saint Domingue às vésperas da Revolução para analisar as dinâmicas que regiam aquela colônia - desde cifras produtivas até a racialização presente.
Promovido pelo Centro Acadêmico de Estudos da Química (CAEQ), a “Roda Marie Curie” busca criar um espaço de bate papo informal, de modo a abordar e discutir temas de caráter humano e social, fomentando um olhar crítico da sociedade.
Convidamos toda a comunidade a participar dessa roda que ocorrerá no dia 14 de Outubro, quarta-feira, às 17h. Venha conhecer e contribuir com a discussão!
Link do evento: https://www.facebook.com/events/651065549137524
Gestão Maré 2020
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